AVISO

Os textos deste blog podem conter trechos considerados SPOILERS.



ENVIE SUAS RESENHAS DE FILMES E LIVROS DE TERROR, COM IMAGENS, PARA SEREM PUBLICADAS NO IMPERIO DO MEDO.

www.voxmundi80@yahoo.com.br

Henry Evaristo lança seu primeiro livro: UM SALTO NA ESCURIDÃO

<b>Henry Evaristo lança seu primeiro livro: UM SALTO NA ESCURIDÃO</b>
Clique na capa, acima, e adquira já o seu!

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

O ORFANATO
















Temos batido na tecla de que os norte-americanos não sabem mais fazer filmes e que todos os outros diretores estrangeiros se saem melhor quando o assunto são as coisas das trevas. O ORFANATO, de Juan Antonio Bayona, mais um representante da nova safra de diretores espanhóis de filmes de terror, é um excelente exemplo de como se pode fazer filmes realmente valiosos usando dos mesmos artifícios e clichês que costumam acabar com as produções da terra do tio Sam.




Se não vejamos:





A mistura bem dosada de elementos da fábula, típicos do universo infantil, com elementos do Horror e do Drama de conotações psicológicas gera filmes muito ricos e de grande força. Um exemplo recente e repleto de qualidades artísticas é O LABIRINTO DO FAUNO, dirigido por Guillermo Del Toro. Após bater recordes de bilheteria na Espanha e ter sido o filme selecionado desse país para uma vaga no Oscar de Filme Estrangeiro, finalmente chega aos nossos cinemas O ORFANATO, produzido por Del Toro e dirigido pelo jovem e promissor Juan Antonio Bayona. Exemplar típico do que denominamos como Cinema Fantástico, O ORFANATO é um filme obrigatório para os muitos fãs de outro filme dirigido por um espanhol: OS OUTROS, com Nicole Kidman.Assim como OS OUTROS, O ORFANATO tem a ambientação de sua trama extremamente atmosférica em um casarão antigo que guarda muitos mistérios. Na abertura do filme vemos a cena que registra uma singela brincadeira entre crianças, onde uma delas conta números de olhos fechados e de costas e ao se virar as outras crianças começam a se aproximar dela. A paisagem é bela em meio ao campo com o velho casarão ao fundo. A abertura dos créditos é bem interessante mostrando mãos de crianças rasgando uma espécie de papel de parede e criam assim a expectativa para os futuros jogos sobrenaturais que serão mostrados no filme.



Uma das ex-internas do antigo orfanato, Pilar, retorna com o marido e o filho para viver na velha casa, onde pretende ajudar outras crianças sem família, assim como ela foi um dia naquele velho e misterioso casarão. Tudo começa sutilmente a acontecer quando seu filho passa a dizer que seus amigos da casa querem brincar com ele. Pilar e o marido acreditam que o menino está brincando com amigos imaginários, mas aos poucos eles descobrem que os tais amigos imaginários são ameaçadores espíritos de crianças dominadas por um líder que se revela no decorrer do filme como uma figura monstruosa. A sequência da revelação do tal “Monstro” é um dos pontos altos do filme.



Pilar e o marido, sempre céticos e ioncrédulos, acham que nada de sobrenatural está acontecendo até o momento em que o filho desaparece durante uma festa, na primeira parte do filme. Nessa mesma festa surge a materialização da criança monstruosa, com uma máscara de pano no rosto que ataca Pilar no corredor da mansão, em uma sequência inesperada e assustadora. Paralelo a essa aparição aparece em cena a sinistra figura de uma velha chamada Benigna, que parece saber muito sobre o filho de Pilar e sobre o passado do antigo orfanato. A trama vai se desenrolando e novos mistérios surgem a cada momento. Pilar e o marido divergem sobre a questão sobrenatural que os cerca e esse detalhe da trama conduz para a antológica sequência da Sessão Espírita. Visivelmente inspirada no Clássico do Horror Britânico: A Casa da Noite Eterna, a sequência é mostrada através de monitores que controlam a médium que anda pela casa e passa a sentir a presença dos perturbados espíritos que habitam o orfanato e os horrores ligados a morte deles. As tonalidades verdes criam uma atmosfera ainda mais densa e a montagem dessa excelente sequência é primorosa. Destaque total para a presença da veterana atriz Geraldine Chaplin. Uma interessante curiosidade é o fato do próprio produtor do filme Guillermo Del Toro ser fã de A CASA DA NOITE ETERNA, e ainda por cima ter um roteiro pronto para uma refilmagem desse clássico. Então não é por acaso que essa sequência da Sessão Espírita ter tanta força em O ORFANATO.



Existem várias citações, implícitas e explícitas ao Clássico PETER PAN. A figura do menino imortal vivendo na Terra do Nunca aparece tanto de maneira poética, quanto de maneira subversiva no filme. A excelente trilha sonora sublinha muito bem as belas imagens do filme. As sequências na praia e dentro da caverna são muito eficientes. A cena da mulher moribunda com a boca escancarada lembra uma das imagens recorrentes dos filmes de Del Toro e sua obsessão por mandíbulas e rostos extremamente expressivos. É certo que eu esperava um filme com cenas mais sangrentas e extremas, mas a proposta do filme é trabalhar com as atmosferas de suspense e de construção de uma trama surreal, sobrenatural e mágica. Não esperem um novo Labirinto do Fauno, a referência maior é mesmo a de OS OUTROS. A versão exibida nos cinemas brasileiros é a integral, sem cortes, com 110 min, dez minutos a mais do que a cópia lançada nos EUA. É muito inteligente a descoberta dos mistérios do antigo orfanato através dos jogos propostos pelos espíritos das crianças. Pilar, como a única que realmente pertenceu àquele lugar, parece ter sido a escolhido para fazer as descobertas macabras e perturbadoras. Com uma fotografia muito criativa, O ORFANATO também dialoga com outro filme espanhol interessante lançado recentemente: A SÉTIMA VÍTIMA. Os filmes sobre casas mal-assombradas agora tem um novo exemplar clássico: O ORFANATO.




Marcelo Carrard











Nenhum comentário: