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segunda-feira, 12 de outubro de 2009

HALLOWEEN - O INÍCIO

Olha o spoiler, galera!



HALLOWEEN - O INÍCIO

http://cinemaraba.files.wordpress.com/2009/07/halloween-oinicio.jpg


Rob Zombie tem pelo menos um mérito que ninguém lhe tira. Nos deu o tresloucado e excelente REJEITADOS PELO DIABO, em 2005. Lotado de figuras pra lá de bizarras e de situações que combinam altos níveis de horror e sensualidade (!), RPD já é um clássico do que poderíamos chamar de novo horror rural. Antes deste filme, porém, ele escorregara a mão em A Casa dos 1000 corpos, um filme fraco e sem graça. Mas, mesmo assim já era possível observar que o diretor trazia em sua estética visual toda a carga adquirida em décadas de trabalho com a banda metaleira White Zombie. Assim, Rob Zombie tem como marcas registradas de seu trabalho no cinema a crueza, o grafismo pesado e a extrema violência de seus filmes e personagens. Os cenários de Zombie são algo como uma mistura entre Hellraiser e Sergio Leoni; seus personagens, via de regra, são feios, sujos e malvados.


http://ci.i.uol.com.br/noticias/2009/07/halloween_o_inicio_2007_nota.jpg

Agora, depois de dois anos de atraso, e quando a seqüência já está para estreiar nos cinemas, chega ao Brasil o esperado remake de Halloween, o clássico setentista criado por John Carpenter.

Na história original de 1978, Michael Myers, um garoto de dez anos, num ataque psicopata homicida, mata sua irmã a facadas após perceber que a mesma está tendo relações sexuais com o namorado dentro de casa, em seu quarto.

Preso, é encaminhado a um instituto para tratamento de doentes mentais onde passa 15 anos sob os cuidados do psiquiatra Dr. Loomis.

Numa noite de tempestade, Myers consegue finalmente escapar do manicômio e dá inicio a um banho de sangue ao se dirigir para sua cidade natal.

Ponto.

Não há muitas explicações para as questões que a história levanta. E eis aí o ponto chave para o remake de Rob Zombie: Responder as perguntas que ficaram em aberto no filme original. Quem é Michael Myers? Por que ele mata? Como ele ficou louco?

http://www.beyondhollywood.com/posterx/halloween-remake-070514-3.jpg

Dividido em atos, Halloween - o início tem uma introdução tão brilhante que chega a ser, visto isoladamente, melhor que o original. O primeiro ato nos apresenta a origem da doença de um Michael Myers pré-adolescente massacrado por uma vida pobre e violenta. Sem paz nem em casa, nem na escola, que são os dois universos onde habitam os garotos de sua idade. A mãe é uma stripper que tenta batalhar para criar os filhos, mas que não deixa de ser uma vergonha para Myers e ainda mais um motivo de chacota entre os colegas de escola. O padrasto, um beberrão agressivo que vive ameaçando atacá-lo. A irmã mais velha, o xinga, o humilha e denigre sua imagem o tempo inteiro. Na escola os garotos maiores o usam como saco de pancadas.

Um dia, Myers pira completamente! Você não piraria?


http://a4.vox.com/6a00e398d79476000300fa969a96240003-500pi

Essa é a grande sacada do inicio deste novo Halloween. Emprestar esse realismo a história foi uma tirada de gênio. Ao passo que Zombie nos responde os porquês de Michael Myers, ele nos mostra como, na vida real, as familias e a criação que damos para nossas crianças podem formar assassinos psicopatas. É de fato, a origem do mal.


http://www.filmedge.net/Halloween/images/MichaelKitchen.jpg

Pronto. o filme acaba aí. Já no primeiro ato.

O segundo e o terceiro atos são outro filme. E queremos crer que não foram feitos pela mesma pessoa que fez o primeiro!


http://www.smh.com.au/ffximage/2007/11/22/Halloween_071122093758557_wideweb__300x375.jpg

Pelo menos a violência explícita e direta, sem maquiagens e sem poupar os espectadores dos detalhes mais sangrentos sem mantem. Só isso vale assistir o filme até o final. O novo Michael Myers, interpretado pelo gigantesco Tyler Mane (o Dente de Sabre do primeiro X-Men)é bastante ameaçador fisicamente e isso garante uma boa dúzia de bordoadas e algumas paredes derrubadas à mão!

A terceiro ato do filme é uma cópia inferior do original, com inclusive alguns diálogos idênticos mas sem conseguir atingir a atmosfera tétrica da obra de John Carpenter mesmo apesar do uso da excelente trilha sonora também criada por Carpenter para o original.

http://www.best-horror-movies.com/image-files/halloween-2007-michael-knife.jpg

Só não sei como vão justificar a sequência tendo em vista o final do primeiro. Mas não vou estragar a surpresa dos amigos que irão assistir a refilmagem de Rob Zombie contando o final do filme, né!?


http://horrorblog.4xd.net/wp-content/uploads/2007/10/robzombieshalloween.jpg

Título Original: Halloween
Ano de Produção: 2007
Direção: Rob Zombie
Elenco: Tyler Mane, Malcolm McDowell, Scout Taylor-Compton, Daeg Faerch, Sheri Moon Zombie, William Forsythe, Danielle Harris, Danny Trejo, Hanna Hall, Bill Moseley, Brad Dourif, Udo Kier, Daryl Sabara, Sybil Danning, Sid Haig, Pat Skipper e Dee Wallace.

O LABIRINTO DO FAUNO





O LABIRINTO DO FAUNO

Por Mário "Fanaticc" Abbade no site OMELETE



O labirinto do fauno
é com certeza um dos melhores filmes do ano (de 2006). O cineasta Guillermo Del Toro apresenta uma fábula sombria recheada de metáforas e alegorias. Além de ser puro entretenimento, o longa também é uma ótima refeição mental para os cinéfilos e amantes da literatura fantástica. É fácil encontrar referências a filmes como O Iluminado, A Lenda do cavaleiro sem cabeça, O mágico de Oz, Hellboy (do próprio Del Toro) e livros como Alice no país das maravilhas e as fábulas de Hans Christian Andersen e dos Irmãos Grimm.

O filme abre com uma pequena narração sobre uma princesa que abandonou seu reino subterrâneo para conhecer a realidade humana e as conseqüências de seu ato. Depois disso conhecemos Ofelia (Ivana Baquero), uma menina de 10 anos fascinada por livros de contos e fábulas com fadas. Ela está viajando junto com a sua mãe Carmen (Ariadne Gil) para o campo, onde vai encontrar seu padrasto, Vidal (Sergi Lopez). Ele é o capitão das forças fascistas do general Franco, que governa a Espanha em favor dos ricos e poderosos com a aprovação da Igreja Católica. Logo de cara percebemos que Vidal é um homem extremamente sádico e que maltrata Ofelia.

Aos redor de sua nova casa, a menina encontra um labirinto que leva a uma trilha subterrânea. Lá ela conhece o Fauno (o mímico Doug Jones), uma criatura metade humana, metade bode, que a convence de que ela é a princesa perdida do reino subterrâneo e que precisa realizar três tarefas para retornar para seu reino. Ao mesmo tempo em que Ofelia embarca nessa viagem repleta de fantasia, Vidal não poupa esforços e sadismo para exterminar os rebeldes que ameaçam o governo.



O mundo fantástico

Realidade e fantasia se completam em um verdadeiro banquete de cenas e personagens inesquecíveis. Visualmente, o filme é soberbo. A cor é extremamente carregada de um sombreado que transforma a narrativa em um livro antigo de fábulas.

Inteligentemente, Del Toro transporta seu argumento para o campo. Cercado de florestas, o público se sente confortável em aceitar que possa existir por ali um universo mítico. Envolvendo este universo estão as duras cercas do mundo real, característica que também marca o trabalho de outros diretores fantásticos, como Tim Burton e Terry Gilliam. O único ingrediente diferente no filme de Del Toro são os toques surrealistas herdados do cineasta espanhol Luis Buñuel, outro que utilizou sua obra para criticar os fascistas.

Esse universo onírico e gótico é a espinha dorsal do filme. Del Toro não delimita o que é fantasia ou realidade. Ele aponta caminhos e deixa que o público embarque na viagem de sua preferência. Mesmo na conclusão, Del Toro contrasta os dois mundos. O espectador tem a possibilidade de escolher baseado em suas crenças pessoais. Quem não acredita em fadas, lendas e mitologia não se sentirá enganado. Otimistas que ainda vêem esperança no mundo caótico em que vivemos ficarão satisfeitos. E essa dualidade fica evidente na personalidade de Ofelia. Ela mostra que talvez a melhor maneira de escapar da realidade seja criando um mundo de fantasia.

Del Toro correlaciona seus personagens fabulescos com os de carne e osso. Nas tarefas, Ofelia é obrigada a enfrentar criaturas horripilantes. Impossível não associá-las à brutalidade de Vidal. Por mais aterrorizantes que sejam as aparências dos seres, fica a impressão de que os humanos são os verdadeiros vilões.



Mundos contrastantes

Fica evidente a diferença entre o mundo de Ofelia e o de Vidal. Ela acredita em sonhos e fantasia, sentimentos e características vitais para o desenvolvimento do ser humano. Vidal é um produto de mundo rígido e fascista. Sua ideologia é baseada na violência. Del Toro aproveita para analisar psicologicamente como homens dessa natureza são resultado de uma relação agressiva e abusiva dos seus pais.

Mas o debate não é só social, mas também político. Vidal não consegue ver nos rebeldes uma ameaça. Para ele, é uma questão de tempo para que todos sejam eliminados. Em A espinha do diabo (2001), Del Toro já tinha utilizado crianças para apresentar temas políticos como pano de fundo - a mesma guerra civil espanhola. Os dois filmes se completam em significado. E a mensagem de Del Toro não é sobre a perda da inocência, mas sim de como temos que nos abarcar a ela para conseguirmos sobreviver emocionalmente.

O elemento humano por trás dos comentários e mensagens de Del Toro reforçam ainda mais suas idéias. Todo o elenco está excelente. Mas quem chama a atenção é Sergi Lopez. Impossível desviar o olhar da tela quando ele aparece. Ele cria um vilão completamente odiável e se torna o ser mais asqueroso e repugnante, mesmo rodeado pelas criaturas mais estranhas possível.

Del Toro realizou todo seu filme com uma equipe basicamente mexicana, mas sem dispensar a máquina hollywoodiana. Ele, Alejandro Gonzáles Iñárritu e Alfonso Cuarón (também produtor do filme) são exemplos de cineastas que nunca deixaram de imprimir sua marca autoral em suas produções, mesmo com as amarras dos grandes estúdios. Coincidentemente, ou não, todos os três são produtos de um povo que até hoje é tratado com desprezo pelos norte-americanos. O preconceito está longe de acabar, mas o talento e o sucesso dos três é a melhor resposta.


http://www.telacritica.org/labirinto-do-fauno02.jpg



Direção e roteiro: Guillermo del Toro


Elenco: Ivana Baquero, Doug Jones, Sergi López, Ariadna Gil, Maribel Verdú, Álex Angulo, Roger Casamajor, César Vea, Federico Luppi, Manolo Solo