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sábado, 14 de junho de 2008

ABISMO DO MEDO




ABISMO DO MEDO

por Filipe Falcão


Um dos melhores filmes de terror de 2006. É dessa forma que Abismo do Medo (The Descent, 2005) ficará lembrado pelos fãs do gênero.

A película é uma bem sucedida trama que mistura fortes cenas de suspense, com genuínos momentos de horror, provocando medo na medida exata para quem assiste. A história gira em torno de seis amigas aventureiras. Dentro da trama, destaca-se Sarah (Shauna Macdonald), que perdeu o marido e a filha pequena em um violento acidente de automóvel. Um ano depois da tragédia, ela resolve se juntar às cinco companheiras para explorarem uma caverna local. Um acidente faz com que aconteça um deslizamento de rochas, que bloqueia a saída do lugar, obrigando as amigas a explorarem o espaço em busca de uma forma de escapar.

A situação, nada agradável, se complica ainda mais quando a organizadora da expedição explica que o grupo não está na caverna conhecida, mas sim em uma nunca antes explorada pelo homem. A justificativa para a troca de percurso seria das amigas descobrirem esse novo espaço e batizarem a caverna com o nome delas. Presas, em um lugar desconhecido, semelhante a um labirinto com uma infinidade de corredores e túneis. Vai ser nesse ambiente que as seis amigas vão precisar trabalhar em equipe para encontrarem uma saída. Mas não vai demorar muito para o grupo perceber que a caverna é habitada por perigosas criaturas que vão se mostrar, além de asquerosas, bastante agressivas.

Dirigido pelo inglês Neil Marshall, Abismo do Medo consegue ser um agradável diferencial dentro de um gênero tão sobrecarregado de produções fracas ou medianas. Trabalhando com uma história simples, o roteiro, também assinado por Marshall, consegue prender a atenção do público ao apresentar esse ambiente hostil da caverna quase como um personagem dentro da trama. E a sensação para quem assiste à produção é de estar junto com o grupo, preso nesse lugar.

Uma das principais características de Abismo do Medo é a excelente ambientação claustrofóbica criada para o filme. O diretor não se limitou apenas a mostrar túneis apertados, embora eles existam e sejam realmente minúsculos, mas também soube utilizar a escuridão dentro desse espaço aumentando ainda mais a sensação de medo. Muitas vezes, os personagens estão utilizando apenas uma lanterna, ou um isqueiro e a visibilidade torna-se bastante precária. Tal decisão é bastante positiva, pois o que se está acostumado a ver em filmes de terror é uma pseudo-escuridão, na qual o telespectador enxerga claramente tudo, enquanto os personagens parecem estar cegos. Na maioria das cenas, nem elenco nem público conseguem ver direito tamanha a escuridão.

Mesmo antes dos habitantes da caverna serem descobertos, o filme já oferece grandes momentos utilizando apenas esses corredores escuros e minúsculos do lugar. Algumas cenas são especialmente aterradoras, como quando as amigas precisam passar por um pequeno túnel e uma das moças fica presa sem conseguir respirar. De tirar o fôlego, literalmente.

O susto também vem de forma bem trabalhada, pois o filme cria várias cenas onde se espera que algo aconteça, mas muitas vezes não ocorre nada, o que deixa o público tenso aguardando por alguma cena de impacto. Mas esses momentos de susto vão vir em outras sequências e sem muito aviso prévio, pegando as pessoas mais relaxadas e desprevinidas.



Seres da escuridão




Abismo do Medo foi gravado obedecendo à cronologia da história, o que possibilitou ao elenco conhecer os habitantes da caverna apenas na primeira cena em que eles são vistos. Um detalhe referente à aparição das criaturas deve ser dado, pois as mesmas só dão as caras na metade do filme. Mas a boa notícia é que a narrativa da película segue de forma tão bem construída que essa “demora” dos estranhos não prejudica em nada o andamento do filme, que vai trabalhando outros pontos até chegar nesse momento. A primeira aparição dos bichos é de fazer gelar a espinha. Logo após o desabamento da caverna, a personagem Sarah começa a escuta estranhos barulhos, mas não consegue identificar o tipo de animal que poderia estar fazendo o som. Após uma das moças sofrer um acidente, em uma cena de forte impacto, Sarah parece escutar novamente o barulho e começa a procurar a origem do mesmo. A seqüência é extremamente bem realizada por mostrar a fraca luz da lanterna da moça percorrendo as rochas até encontrar, distante, um dos seres que, após se dar conta da estranha, desaparece na escuridão.

Tal cena é feita de forma simples, mas estabelece o tom que o filme vai seguir a partir de então. A reação imediata de Sarah, e do público, é de processar a estranha visão através do rápido raciocínio de que aquele ser, que parece um homem, mas não é humano, está na caverna com o grupo. Será que existem outros? São perigosos? A sensação final é de que as amigas precisam, mais do que depressa, encontrar uma saída. Como homens que andam de quatro, sem pigmentação, cegos, mas com olfato e audição apurados, garras e dentes afiados e extremamente agressivos. Assim são os seres que habitam nessa perigosa caverna. Nenhuma das mulheres dá crédito a “visão” de Sarah e o grupo prossegue na tentativa de sair do lugar. Vai ser durante uma caminhada que os estranhos sons, que antes só uma delas escutava, vão soar audíveis para todas. Com pouca visibilidade, uma das amigas utiliza uma câmera de vídeo com infra-vermelho para observar o lugar e durante a panorâmica vai oferecer uma das, se não a melhor cena de todo o filme. É ver e tomar medo, de verdade.

A partir desse momento, o filme segue uma combinação de muita correria e pouca visibilidade. O grupo logo se separa e passamos a acompanhar os diferentes destinos reservados para cada garota. Nesse momento, o diretor Marshall nos apresenta uma série de cenas violentas e nojentas entre os estranhos seres e as mulheres, essas cada vez em menor número. Vai ser nessa parte final que o filme vai dar algumas derrapadas de roteiro com certas situações bastante forçadas, mas nada que comprometa o produto como um todo. Basta fazer uma comparação de Abismo do Medo com outras produções que abordem temas semelhantes, como A Caverna (The Cave, 2005) para perceber que existe um grande abismo entre os dois filmes. Essa segunda produção foi tida como um dos piores trabalhos vistos nos últimos anos pelo péssimo roteiro, total ausência de situações de medo ou suspense e direção voltada para clichês e previsibilidade, o que é totalmente o oposto de Abismo do Medo.

Ou seja, mesmo com uma história simples, foi a linguagem utilizada por Marshall que deu direcionamento e fôlego ao filme. Até o elenco de seis mulheres deve receber crédito positivo, pois, se não é formado por nenhuma estrela, ao menos, soube segurar a peteca dentro de seus respectivos personagens. E para fechar com chave de ouro, o final de Abismo do Medo é uma agradável surpresa para os fãs do gênero, que vão ser pegos pela brincadeira do roteiro. Ratificando o que já foi dito, é por todos os motivos apresentados nesse texto que Abismo do Medo vai ficar considerado como um dos melhores filmes de terror de 2006. Por isso mesmo, corra para o cinema mais próximo da sua casa.







(The Descent, Inglaterra, 2005).


99 minutos


Direção: Neil Marshall


Roteiro: Neil Marshall


Produção: Keith Bell; Christian Colson; Produção Executiva: Paul Smith Fotografia: Sam McCurdy Música: David Julyan Edição: Jon Harris Desenho de Produção: Simon Bowles Figurino: Nancy Thompson Direção de Arte: Jason Knox-Johnston Maquiagem: Jennifer Harty; Jo Hannford; Vicki Lang; Sandrine MugglestoneElenco: Shauna Macdonald (Sarah); Natalie Jackson Mendoza (Juno); Alex Reid (Beth); Saskia Mulder (Rebecca); MyAnna Buring (Sam); Nora-Jane Noone (Holly); Oliver Milburn (Paul); Molly Kayll (Jessica); Craig Conway; Leslie Simpson; Mark Cronfield; Stephen Lamb; Catherine Dyson; Julie Ellis; Sophie Trott; Tristan Matthiae; Stuart Luis; Justin Hackney

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